Beatriz ouviu certa vez alguém dizer que a palavra humildade vem do grego que significa húmus, algo relacionado a terra, chão…
Ela nunca chegou a confirmar a veracidade dessa informação, mas ali, caída no meio fio, despida de qualquer dignidade, banhada em lágrimas e humilhação, isso lhe parecia fazer algum sentido.
João não entrou no carro e foi embora, ao invés disso, olhou-a pacientemente, tirou seu casaco e a cobriu.
Com voz doce, num tom de intimidade ainda patente, disse:
-Bia, você precisa entrar, está frio aqui fora…
Beatriz sentiu preso nas fibras do tecido, o calor do cuidado de João.
O rapaz naquele momento, olhava para baixo e franzia a testa genuinamente preocupado com o frio e a dor que assolavam todo o ser de Beatriz.
Colocar o casaco sobre Beatriz, não foi um gesto de pena ante o ato dela de se jogar na sarjeta da rua. E mais até do que um gesto de carinho, foi um gesto de coerência.
Meses antes, no início de história deles, a temperatura do ar-condicionado estava baixa demais para Beatriz que, saindo às pressas, esqueceu o agasalho. A empolgação do segundo encontro a fizera esquecer do fato de que sempre morre de frio quando vai ao cinema. João também não havia levado casaco, mas ele a aqueceu com o calor do seu abraço.
E assim o fez, dia após dia, do primeiro ao último encontro. Até nas piores frias em que Beatriz se enfiava, lá estava João para aquecê-la e cobri-la de amor.
João amou Beatriz coerentemente do início ao fim.
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